sábado, 1 de fevereiro de 2014

Mensagem aos náufragos

Hoje li a história de um homem que apareceu em um remoto atol no Pacífico por estes dias. Com barbas longas e cabelo comprido, o homem magro apareceu em um barco, vestindo apenas uma calça rasgada. Falando espanhol disse estar a deriva há dezesseis meses... Vivendo a base de tartarugas, pássaros que matava com a própria mão, água de chuva ou sangue de tartaruga para beber.
Não consegui deixar de pensar sobre o que pensava este homem.
Vocês conseguem se imaginar nesta posição? Questionando qual o propósito daquilo, continuar vivendo, sozinho sem saber se um dia veria seus entes queridos? Será que ficava remoendo coisas que ele fez? Será que pensou em Deus? Será que apenas lutava incessantemente pela sobrevivência?
Penso que todos que leem o blog se questionam também, e muitas vezes se sentem num barco a deriva, tal como José Ivan, o náufrago a que me referi.
Existem tantas coisas pelas quais ter medo, tantas coisas erradas, tanta injustiça... Por que? Por que...
Se você se sente assim, espero que saiba que não está sozinho em um barco, assim como José Ivan também não estava, porque ninguém está sozinho, nunca, as vezes apenas não conseguimos perceber.
Muitas coisas não sabemos, não conseguimos explicar e ficar demasiadamente apegados a estas questões nos desviam o foco do que é verdadeiramente importante. 
Somos todos ligados e isto não é baboseira de nova era. Você só precisa sentir, é como uma planta em seu coração, mas precisa ser nutrido porque o solo se tornou muito duro. Foque no que é bom, não se deixe abater!
Estou aqui pensando em todos nós, desejando o bem, que possamos compreender a verdade e deixar o amor fluir. 
Estou aqui.
Muito amor.
Larissa

Ps. O José Ivan foi examinado, está bem e está se recuperando na casa de pessoas boas que o acolheram, se preparando para voltar para casa!
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/australiaandthepacific/marshallislands/10609011/Castaway-Shipwrecked-man-makes-land-after-16-months-adrift.html

Um comentário:

  1. Agradam-me os valentes, mas não basta ser uma boa espada. É preciso saber também a quem se fere. E muitas vezes mais valentia em se abster e passar adiante, a fim de se reservar para um inimigo mais digno. Por isso ha muitos adiante dos quais deveis passar; sobretudo ante a canalha numerosa que vos apedreja os ouvidos, falando-lhe dos povos e das nações. Livrai os vossos olhos do seu “pro” e do seu “contra”. Ha ali muita justiça e injustiça. Ver tal coisa revolta. Ve-la é investir, é tudo a mesma coisa. Ide-vos pois ao bosque e dai paz a vossa espada. Segui os vossos caminhos. E deixai os povos e nações seguir os seus. Caminhos escuros, na verdade, aonde já não trilha nenhuma esperança. A sociedade humana é uma tentativa. Não um contrato.

    Já não é tempo de reis. O que se chama povo merece rei. Olha como as nações imitam agora os vendedores ambulantes. Aproveitam as menores utilidades em todas as varreduras. Espiam-se, espreitam-se e é a isso que chamam de politica de boa vizinhança. Se os povos tivessem o pão de graça, atrás de quem andariam a gritar? Em que se ocupariam se não fosse da sua subsistência? E é necessário terem uma vida rigorosa. São aves de rapina. No seu trabalho também ha roubo. No seu lucro também ha astucia. Por isso devem ter vida rigorosa. Devem pois tornar-se melhores animais de rapina, mais finos e astutos, animais mais semelhantes ao homem porque é o melhor animal de rapina. O homem arrebatou já as suas virtudes a todos os animais. Por isso de todos os animais é o que tem tido a vida mais dura. Só as aves estão acima dele. E se ele aprendesse a voar a que altura voaria a sua rapinagem!

    Pergunto: Em quem se encontra o maior perigo do futuro humano? Não é nos bons e nos justos? Nos que dizem e sentem no seu coração: nós sabemos já o que é bom e justo, e possuimo-lo. Desgraçados dos que ainda querem procurar aqui. E por muito mal que os maus possam fazer, o que fazem os bons é o mais nocivo de tudo. E por muito mal que os caluniadores do mundo possam fazer, o que fazem os bons é o mais nocivo de tudo. Alguém olhou uma vez o coração dos bons e dos justos, e disse: “São os fariseus”. Ninguém, porem, o entendeu. Os bons e os justos mesmos, não o deviam compreender: o espirito deles é um prisioneiro da sua consciência. A verdade, porem, é esta: é forçoso os bons serem fariseus. Não tem escolha. É forçoso os bons crucificarem o que inventa a sua própria virtude. É esta a verdade.
    Outro que descobriu o seu pais – o pais, o coração e o terreno dos bons e dos justos – foi aquele que perguntou: “A quem odeiam mais?”
    O criador é quem eles mais odeiam. Aquele que quebrar tabuas e estranhos valores, ao destruidor, a esse é quem chamam de criminoso. Que os bons não podem criar... São sempre o principio do fim.
    Crucificam aquele que escreve novos valores em tabuas novas. Sacrificam para si o futuro. Crucificam o futuro inteiro dos homens. Os bons sempre o principio do fim. Os bons ensinaram-vos coisas enganadoras e falsas seguranças. Nascestes entre as mentiras dos bons e haviei-vos refugiado nelas. Os bons falsearam e desnaturalizaram radicalmente as coisas. O homem é o mais cruel de todos os animais. Vivem satisfeitos na terra, assistindo a tragédias, crucificações, a lides de touros, violência social, policial e de Estado. E quando inventou o inferno foi esse o seu céu na terra. Como é pequeno o pior e o melhor do homem! Quereis vos curar? Cura a tua alma com cantos novos, para poderes sustentar o teu grande destino, que ainda não foi destino de ninguém.


    From "And thus spoke Zarathustra

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...