sábado, 6 de novembro de 2010

Vamos Filosofar: PLATÃO

Platão, filósofo grego, nasceu em Atenas e se destacou entre os pensadores mais influentes da civilização ocidental. Platão foi um brilhante escritor e filósofo. Seus diálogos abordaram praticamente todos os tópicos que vieram a ser discutidos por filósofos que se seguiram a ele. Suas obras fazem parte da mais reconhecida literatura mundial.

SUA VIDA
Platão nasceu em uma família aristocrata de Atenas.  Desde jovem, Platão tinha ambições políticas, mas logo se decepcionou com a liderança política de Atenas. Platão se tornou discípulo de Sócrates, seguindo sua filosofia e aderindo ao método por ele utilizado: a busca da verdade através de perguntas, respostas e mais perguntas. 
Seu professor, Sócrates, não escreveu seus ensinamentos. Platão, como discípulo de Sócrates, escreveu muito dos ensinamentos que lemos dele.  Porém, nos diálogos, Platão faz do personagem Sócrates porta-voz de seus próprios pensamentos, de modo que é difícil estabelecer quais são os ideais de Platão e quais são os de Sócrates.
Em 399 a .C. Platão testemunhou o julgamento e a condenação de Sócrates, tendo sido acusado de corromper a mente dos jovens e não acreditar nos deuses. Após a execução de Sócrates, revoltado com a democracia Ateniense e talvez preocupado com sua própria segurança, Platão deixou Atenas e foi para a Sicília e para o Egito, onde passou aproximadamente dez anos viajando.
Em 387, com seu regresso a Atenas, Platão fundou uma Academia, uma instituição tida como a primeira universidade da Europa.  A Academia oferecia um currículo de matérias tais como astronomia, biologia, ciências políticas e filosofia. Aristóteles foi o aluno mais famoso da Academia.  A Academia de Platão se manteve em funcionamento por mais de novecentos anos.
Em 367 Platão retornou a Sicília tentando influenciar a política local com seus ideais, mas logo voltou a Academia em Atenas onde passou o resto de sua vida, com exceção de algumas viagens, onde ensinava e escrevia. Platão faleceu em 347 a .C., com oitenta anos de idade.

SUAS OBRAS
Fases dos diálogos
Os ensinamentos de Platão foram escritos em forma de dialogo, de uma conversa ou um debate entre várias pessoas.
Seus diálogos são divididos em três fases. A primeira fase é representada com Platão tentando comunicar a filosofia de Sócrates. Muitos dos diálogos tem a mesma forma. Sócrates encontra alguém que diz que sabe muito. Sócrates se diz ignorante a procura de conhecimento e faz várias perguntas, mostrando que aquele que se dizia mestre no assunto realmente não sabe nada.
Os diálogos da segunda e terceira fase relatam as próprias idéias de Platão, por mais que ele continue a utilizar Sócrates como personagem em seus diálogos.
Teoria das Formas
A parte central da filosofia de Platão é a teoria das formas, ou o mundo das idéias.
Idéias ou formas são arquétipos imutáveis. De acordo com Platão só essas idéias/formas são constantes e reais. Platão divide o mundo em duas partes – o mundo das idéias, onde tudo é constante e real, e o mundo físico em que vivemos, onde o fluxo é constante e a realidade é relativa. As formas então mantém a ordem e a estrutura das idéias do mundo.
Platão distinguiu entre dois níveis de saber: opinião e conhecimento. Afirmações relacionadas com o mundo físico, Platão as considerava uma opinião, mesmo que estivessem baseadas na lógica ou na ciência. Segundo Platão, o conhecimento é derivado da razão e não da experiência.  Ele pregava que somente através da razão atingimos o conhecimento das formas.
Platão diz que as formas têm uma realidade que vai além do mundo físico por causa de sua perfeição e estabilidade. O mundo físico se parece com as formas, mas devido a constantes mudanças nunca chega a sua perfeição.
Um exemplo para entender a diferença entre o mundo das formas e o mundo físico é dado por Platão em termos matemáticos. Devido ao mundo das formas temos a concepção de um círculo perfeito – totalmente redondo, composto de uma série de pontos que apresentam exatamente a mesma distancia do ponto central. No mundo físico, porem, essa figura não é vista. Círculos nunca são desenhados perfeitamente. A idéia do círculo existe e é imutável, porem ela só pode ser conhecida pela razão e não pela experiência do círculo perfeito no mundo físico.
Platão aplica sua teoria a conceitos como beleza, justiça, bondade, entre outros. A pessoa é bela ou justa por que nela há algo que se parece com a forma do belo ou do justo, presente no mundo das idéias. O amor no mundo das idéias também é perfeito, daí vem a expressão amor platônico, utilizada nos dias de hoje.
Teoria Política
A República é a maior e mais reconhecida obra política de Platão.  A obra se foca na questão de justiça: Como é um Estado justo? Quem é um individuo justo?
Segundo Platão, a melhor forma de governo é a aristocracia por mérito. Platão divide o estado ideal em três classes: a classe dos comerciantes, a classe dos militares e a classe dos filósofos-reis. Os filósofos-reis são encarregados de governar o país. As classes não são hereditárias, elas são determinadas pelo tipo de educação obtida pela pessoa.  Com maior nível de educação a pessoa se pertence à classe dos filósofos-reis.
A República aborda diversos temas sobre justiça, governo e apresenta um governo utópico. Essa obra vem sendo amplamente lida através dos séculos, por mais que suas propostas nunca foram adotas como uma forma de governo concreta.

Conclusão
Platão escreveu sobre diversos assuntos, tais como ética, arte, teoria do conhecimento, entre tantas. Suas obras influenciaram e moldaram a filosofia ocidental. O intuito desse artigo foi apenas o de introduzir esse grande pensador. De nenhuma forma é possível resumir sua imensa contribuição à nossa cultura.

O MITO DA CAVERNA
O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos a fora. A mais recente delas é o livro de José Saramago A Caverna.
A Condição Humana
Platão viu a maioria da humanidade condenada a uma infeliz condição. Imaginou (no Livro VII de A República, um diálogo escrito entre 380-370 a.C.) todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desafazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia).
Libertando-se dos grilhões
Se por um acaso, segue Platão na sua narrativa, alguém resolvesse libertar um daqueles pobres diabos da sua pesarosa ignorância e o levasse ainda que arrastado para longe daquela caverna, o que poderia então suceder-lhe? Num primeiro momento, chegando do lado de fora, ele nada enxergaria, ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois, aclimatado, ele iria desvendando aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade outra de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim, ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (espiteme), por inteiro, se escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embevecer-se com o mundo das formas perfeitas.


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